quarta-feira, 30 de novembro de 2011

UM CONTO DE NATAL


É noite. Pelusita, um coelho todo branco, está muito ocupado procurando as melhores folhas comestíveis enquanto Princesa, sua companheira marrom clarinha, está quieta olhando o céu estrelado.
- Olha essa estrela! – disse de repente Princesa.
- E é hora de olhar estrelas? - responde Pelusita - se preocupa com comer que daqui a pouco amanhece e teremos que recolher-nos à toca.
- Mas é uma estrela diferente! Tão diferente!
- Pára de olhar estrelas e cuida de comer, que tens que alimentar os filhotes que levas na barriga.
Princesa vai até onde Pelusita está comendo e também começa a comer, mas não esquece a estrela.
- É mesmo uma estrela muito diferente, que será que ela anuncia?
- E desde quando as estrelas anunciam alguma coisa, mulher? – responde Pelusita – servem só para enfeitar o céu.


Quando começam a sair os primeiros raios de sol, o casal de coelhos volta para a toca. Quando estão entrando ouvem vozes de pessoas e animais vindos do outro lado da moita sob a qual tinham cavado a toca. Curiosos, contornam a moita devagarzinho e vem um grupo grande de pessoas com camelos, cabras e outros animais.
De uma cesta sai um filhote de gato que logo os vê e sai correndo em direção a eles.
Os coelhos tomados de um tremendo susto, voltam correndo para a toca. O gatinho os segue, e entra atrás deles.
Gatos tem sido sempre um perigo para os coelhos, mas este filhote era diferente.
Foi logo falando: - Olá coelhinhos! Não tenham medo! Eu quero ser amigo de vocês.
Pelusita desconfiado disse – desde quando gatos gostam de coelhos?
- E não gostam? – responde o gato - Eu não sabia! Eu gosto de vocês e quero ter amigos, estou tão sozinho!
- Sozinho no meio de tantos animais? Conta outra! – disse Pelusita, se espremendo no fundo da toca e cobrindo com seu corpo a Princesa.
- Camelos e cabras são muito grandes para mim, e além do mais, minha menina não me deixa ficar longe dela, não sei como ainda não veio atrás de mim! – respondeu o gatinho.
Princesa assoma o focinho por trás do Pelusita e pergunta: - qual é teu nome?
Pelusita a repreende: - fica escondida mulher!
- Me chamo Pikitito – responde o felino – foi o nome que minha menina me deu porque sou muito pequeno.
- E é mesmo! Não vê Pelusita que ele é pequeno demais para nos fazer mal?
Ouvem uma voz de criança chamando: - Piki!! Pikitito!!
- É ela – diz o gatinho – vou embora antes que ela comece a chorar, mas depois eu volto, tchau.



- Gato procurando fazer amizade com coelho, vê se pode! – resmunga Pelusita, e se acomoda para dormir.
- Ele é bem meigo – responde Princesa – e se deita junto ao Pelusita.
Quando sol começa a baixar, os coelhos acordam e saem da toca para procurar comida e água.
Vão com cautela, pois a proximidade de pessoas e animais grandes os assusta.
Quando estão perto do olho d' água, ouvem a voz do gatinho da noite anterior chamando-os:
- Coelhinhos!! Cadê vocês? Ah, estão ai! E se acerca para beber também.
- Partimos logo que a noite feche – foi informando, mesmo sem ninguém ter-lhe perguntado nada.
- Vão para onde? - Quis saber Princesa.
- Para Belém, ver o Rei que vai nascer.
- E como é que sabe que tem um rei nascendo tão longe? – quis saber Pelusita que ainda desconfiava do Pikitito.
- Pela estrela, vocês não viram a estrela? A caravana onde estou é de uns reis do Oriente. Já levamos mais de um mês seguindo a estrela, por isso viajamos de noite.
- A estrela!!! Eu não disse que era uma estrela diferente? Eu vi sim, é linda! – disse Princesa – ah! como eu gostaria de ver o Rei que vai nascer!
- Que idéia – responde Pelusita – até parece que a gente pode sair mundo afora por lugares desconhecidos!
- Por que vocês não vêm comigo? Meu cesto é bem grande, e comida não vai faltar, minha menina é filha da cozinheira da caravana e adora bichinhos peludinhos, ela vai cuidar bem de todos nós.
- Vamos Pelusita! Vamos!! – pede a coelha.
- É muito perigoso, esqueça – responde o coelho.
- Piki!! Pikitito! – chama a menina que vem andando com um imenso cesto nos braços – ai está você! E que lindos coelhos!!
- Rápido, pulem dentro da cesta! – disse Piki quando a menina pôs o cesto no chão.
Mas Pelusita saiu correndo para se esconder, Princesa ficou indecisa, mas o sorriso da menina era tão doce que decidiu pular dentro da cesta junto com Piki. Pelusita não querendo deixar sua mulher sozinha correu e também pulou para dentro da cesta. Assim começou um passeio emocionante para o casal de coelhos que nunca tinha se afastado do lugar em que nasceu.



Ainda é noite quando a caravana pára frente a uma gruta. Os reis entram carregando nas mãos uns cofres. Os criados arrumam os animais e procuram água para dar-lhes. É o momento que Pikitito e o casal de coelhos aproveitam para pular do cesto e entrar na gruta.
Andando bem juntinho da parede para não serem vistos, eles chegam até o fundo da gruta onde uma bela e jovem senhora tem nos braços um bebê recém nascido. Ao seu lado um senhor de olhar bondoso recebe das mãos dos reis do Oriente, os cofres, presentes para o Rei recém nascido.
Também tem um grupo de pastores num canto olhando embelezado a cena.
- Que criança bonita! - exclama Princesa.
Depois dos cumprimentos os reis do Oriente se retiram, e logo atrás os pastores também saem para retornar ao cuidado de suas ovelhas.
Os três bichinhos querem se acercar mais e chegam pertinho da família. Quem primeiro vê os animais é a senhora e chama a atenção do marido
- José, veja essa coelha, parece que está para ter cria. Arruma um cantinho para ela.
José arruma umas palhas num cantinho afastado e chama os coelhos. – Bem na hora – fala Princesa, e corre para o monte de palha para arrumar seu ninho.
- Piki!! Cadê você? Estamos indo embora, Piki!! – se ouve a voz da menina.
- Está na hora de partir – disse Piki – adeus amigos! – e sai correndo.
Princesa tem 6 lindos filhotes que arruma direitinho cobrindo-os com seus pelos, e logo todos dormem cansados das emoções do dia.